segunda-feira, 29 de julho de 2013

Textos sobre a historia de Itajuba, imagem de Theodorina Menegotti Cubas, Alexander MacGregor Grant (mister Grant) e seus filhos,Itajuba Futebol Clube, avenida Itajuba, Hotel de Mister Grant, o naturalista Saint"Hilaire

Itajuba


Itajuba foi por muito tempo uma comunidade isolada, constituída de pescadores artesanais e de pequenos lavradores, que desenvolviam uma economia de subsistência, voltada  para atividade da pesca e da roça. Com a conclusão do novo traçado rodoviário interligando Itajaí à Joinville pelo litoral em dezembro de 1942 e posteriormente a BR 101 na década de 60, a praia passa a ser conhecida e freqüentada por veranistas de diversas regiões do país. Segundo algumas memórias o primeiro  núcleo de povoamento de Itajuba iniciou em meados do século XIX, quando um padre que ali ficou conhecido como João Missionário,  mandou edificar uma cruz de madeira no lugar denominado Cerro. O marco delimitou o espaço físico do novo povoado. Dizem os antigos que toda vez que o símbolo cristão apodrecia e ameaçava cair, o tempo arruinava e não dava mais pescaria.... era o sinal para que os moradores levantassem uma nova cruz. Até pouco tempo os Itajubenses ainda comemoravam no dia 03 de maio, a festa de Santa Cruz.  O nome “Itajuba” advém da etimologia indígena: “Ita” significa “Pedra”, “Juba” amarelo ou branco, que traduzindo temos “ Pedra Branca”. Manoel Aires de Casal na sua “Corografia Brasílica”, do final do século XVIII, anotou que o rio “Tajuba” era navegável, mais a primeira descrição do lugar foi feita pelo Francês Auguste de Saint – Hilaire em 1820, na sua memorável viajem à Curitiba e a província de Santa Catarina. Diz o naturalista:  “......no final das terras planas cultivadas que já mencionei acima, encontra-se a embocadura de um pequeno rio que passa no sopé de um morro no qual havia um sitio. Esse rio chamado Itajuba é navegável. Na maré baixa chegamos ali, porém na montante tivemos que descarregar os cavalos, colocar toda a bagagem numa canoa muito pequena e depois fazer com que fosse levada nas costas dos homens até o alto do morro. O dono do sitio localizado ali no alto tinha mãe, enquanto sua filha já tinha netos... Toda essa região é densamente povoada, mas a uma distância de pouco mais de meia légua do mar não se viam a época de minha viagem senão matas despovoadas e sem donos ......”.   Ainda conforme a descrição de Saint–Hilaire  na época de sua viagem estavam se fixando nessa região os primeiros descendentes de açorianos. O médico alemão Robert Avé-Lallament, que também passou pelas praias de Itajuba em 1858, foi advertido na Penha que o lugar era ermo e perigoso, onde a contento o viajante deve andar com as pistolas carregada.  

Nota do autor- O nome Itajuba advém da etimologia indígena e significa “Pedra Branca”. No bairro existe um importante afloramento rochoso, conhecido como “Costão das Pedras brancas e negras”, que é constituído de rochas ígneas ultramáficas, uma formação geológica de aproximadamente 4 milhões de anos. O sítio geológico localizado ali é raríssimo, e somente em poucos locais do planeta este tipo de rochas se encontra aflorado (na superfície). Dentre os exploradores e viajantes que passaram por Itajuba e que deixaram as suas  impressões sobre o lugar, o destaque é para o francês Auguste de Sant-Hilaire em 1820 e para o alemão Robet Avé-Lallament em 1858.  





Mulheres do Tabuleiro de Itajuba
“...Depois de deixar o sítio onde passei a noite, eu e meus acompanhantes nos afastamos da praia e seguimos um trecho de cerca de uma légua por um caminho que passa por terras muito planas e  interamententes  cultivadas, coisa verdadeiramente rara em regiões afastadas das grandes cidades. Ali os sítios ficam tão juntos um dos  outros quanto as casas  nas imediações do Rio de Janeiro, e a terra, muito arenosa, é coberta por plantações de mandioca. As plantas crescem à beira dos caminhos e nas vizinhanças das casas são as mesmas que se vêem em localidades semelhantes, nas redondezas da capital. Posso citar, entre outras, um Tagetes e o nº 1708, que pertence às quenopodiáceas, família pouco numerosa no Brasil. A medida que íamos avançando, os moradores dos sítios se postavam à porta para nos ver passar. As mulheres não somente não se escondiam, como respondiam com polidez a nossa saudação. Esse dia era domingo e de um modo geral elas estavam bem vestidas, tendo eu notado que, ao contrario das mulheres de Minas, que deixam a descoberto o colo e as espáduas, todas elas usavam um xale de musselina e muitas traziam também a cabeça coberta por um lenço do mesmo tecido...” 

Nota do articulista- depois de deixarem o sítio onde pernoitaram, Auguste de Sant-Hilaire e seus acompanhantes percorreram  um trecho de uma légua entre Barra Velha e Itajuba. Neste percurso o naturalista francês fez algumas observações sobre o tipo de vegetação, a descontração e o costume das mulheres, que usavam xale de musselina e tinham a cabeça coberto por um lenço do mesmo tecido. O registro foi feito em um domingo de abril de 1820.  Sant-Hilaire viajava de São Francisco em direção a Armação do Itapocorói e as suas impressões sobre a região estão no livro “Viagem a Curitiba e a província de Santa Catarina”.


Muriel: o amor impossível de Mister Grant.
Quando o jovem  James Alexandre Grant desembarcou no Brasil em 1908, tinha um único propósito em mente: contrair uma doença tropical  e morrer. Desiludido por um amor não correspondido, “mister Grant”, como se tornaria conhecido mais tarde, não teve coragem de cometer o suicídio, ao contrário, arrumou as malas e partiu para sempre. Das “Antilhas Britânicas” sua terra natal só restou as lembranças. Sobre a mulher que despedaçou o coração do inglês sabemos apenas sussurrar o seu nome; Muriel!  O trabalho de cozinheiro no Rio de Janeiro e como representante comercial da companhia petrolífera “standart Oil” no sul do país, posteriormente, o ajudaram a amenizar as amarguras do passado. Em Joinville apaixonou-se duplamente: pelos encantos da cidade e pela jovem Augusta Burgine Carolina Sofia Adele, filha de um dos mais destacados colonizadores da região. Em 1911 casaram-se James Alexandre e Adele Richlín, confirmando ele a sua condição de respeitável cidadão Joinvillense. No final da década de 30 o destino o levou ao litoral, quando descobriu os encantos de Itajuba. A beleza inigualável do lugar revitalizou em Mister Grant o imaginário quase esquecido das Antilhas Britânicas, o que o influenciou na construção de um hotel, que se tornaria, mais tarde, um dos mais bem estruturado da região norte catarinense.  Além de orquidário, câmara fria e gerador próprio de energia elétrica, o restaurante que era uma das principais dependências do complexo, também  funcionava  como cassino. O hotel viveu o seu esplendor e glamour na década de 40, quando vários casais enamorados, com reservas antecipadas, passavam ali a sua lua-de-mel. Aos poucos a praia das “Canasvieira”, que anos depois foi rebatizada de “praia do Grant”, passou a ser a referência da elite Joinvillense, que buscava nas suas águas calmas e cristalinas, um espaço de socialização e lazer. Segundo alguns remanescentes da família, Mister Grant teria prometido “uma caneca”, um objeto de grande valor pessoal, ao filho que colocasse o nome de “Muriel” na primeira neta, desejo que se concretizou quando nasceu a pequena Muriel Heloísa, filha de Mabel Agnes Grant Martins. Mister Grant faleceu em 1954.
Nota do Autor- Quem foi mister Grant? Um espião a serviço da inteligência britânica durante a II guerra? Um visionário que construiu na praia das “Canasvieira” um empreendimento hoteleiro Ou simplesmente um homem que viveu intensamente e que nunca conseguiu esquecer aquela que teria sido o grande amor de sua vida? A biografia do inglês sempre alimentou o imaginário dos barravelhenses neste sentido. Segundo alguns remanescentes da família, James Alexander Grant veio para o Brasil por conta de uma grande desilusão amorosa. Parte dos relatos foi elaborado a partir de informações fornecidas por Marcos Rafael Santos Machado e da sua sogra Laura Doller Wille (neta de mister Grant). Muriel Heloisa (outra neta) tem hoje 57 anos e vive em Curitiba.  

“DONA DURINA”


Theodorina Menegotti Cubas, foi umas das principais personalidades da historia recente de Itajuba. Por volta da década de 50 instalou-se definitivamente no bairro, onde passou a administrar um pequeno hotel, localizado no atual cruzamento da estrada Geral com a Rua Cirino Cabral. Mulher caridosa de  hábitos simples, sempre manteve um forte relacionamento com a população local, participando efetivamente do desenvolvimento comunitário do lugar. “Dona Durina” como era carinhosamente conhecida entre os Itajubenses, distribuiu muitos lotes de terra de sua propriedade e não cansava de ajudar aqueles que mais precisavam. Todo o ano como era de costume, saia pela comunidade arrecadando roupas e agasalhos para serem distribuídas aos mais desafortunados. Atribui-se a dona Theodorina a idealização da festa de Nossa Senhora dos Navegantes, evento que se repete todos os anos no mês de fevereiro. Para homenagear aqueles abnegados homens do mar com quem conviveu fraternamente, doou também a primeira estatua do pescador, que foi fixada num rochedo na entrada do porto na “Praia do Grant”. Atualmente o posto de saúde da comunidade de Itajuba leva o seu nome.                                 
  

Nota do articulista- Segundo a senhora Maria Pereira Fagundes a “Festa de Nossa Senhora dos Navegantes” foi instituída por conta de uma promessa feita por dona Durina. Quando menina, Theodorina teria se afogado em uma lagoa e no momento de angustia e desespero, clamou pela proteção da santa até conseguir ser salva. No inicio dos anos 60 a benfeitora mandou construir uma gruta na ilha das canas, onde foi colocada a imagem da padroeira dos pescadores. Quatro anos depois, junto com outros membros da comunidade como: Horácio Tomaz, Romuniz Tomaz, Evaristo Lopes Dutra, João Quintino Pereira, Artur Fagundes e João Baruca, ajudou a organizar a primeira edição da festa. Dona Theodorina Menegotti Cubas faleceu em Joinville no final da década de 70.   












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